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"REMEMBER ME
Somos números. Somos estatísticas.
Somos pontos em um mapa do terror.
Somos artigos de jornal, agora nem na primeira página.
Estamos destinadas a desaparecer quando incomodamos um marido, um amante, um pai, um irmão, às vezes incomodamos um estranho que nos incomoda na rua.
Não somos sangue, carne, alma, pensamentos, sentimentos, emoções.
Somos investigações de rotina, esquecidas.
Meu projeto nasceu do horror de ver tantos números e tantos nomes que aparecem quando se digita a palavra "feminicídio", no mundo inteiro.
Senti a vontade de escrever, na minha maneira, mais uma reivindicação.
Pedi às colegas fotógrafas brasileiras de posarem para mim para "gravar" em seus corpos os nomes de todas as mulheres assassinadas na Itália em 2021.
Fotos de grão áspero, como velhas fotos em velhos jornais.
Uma tatuagem em nossa pele de mulheres, para não esquecer.
Um projeto que, infelizmente, parece não ter fim."
cristina cenciarelli
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Aceitei, honrosa e respeitosamente, o convite de Cristina para registrar um ato durante a inauguração de sua exposição Remember Me. Em solidariedade às iranianas, as mulheres presentes que aceitaram participar cortaram pedaços de seus cabelos, a fim demonstrar apoio aos recentes protestos após a morte da jovem curda Mahsa Amini.
"REMEMBER ME
Somos números. Somos estatísticas.
Somos pontos em um mapa do terror.
Somos artigos de jornal, agora nem na primeira página.
Estamos destinadas a desaparecer quando incomodamos um marido, um amante, um pai, um irmão, às vezes incomodamos um estranho que nos incomoda na rua.
Não somos sangue, carne, alma, pensamentos, sentimentos, emoções.
Somos investigações de rotina, esquecidas.
Meu projeto nasceu do horror de ver tantos números e tantos nomes que aparecem quando se digita a palavra "feminicídio", no mundo inteiro.
Senti a vontade de escrever, na minha maneira, mais uma reivindicação.
Pedi às colegas fotógrafas brasileiras de posarem para mim para "gravar" em seus corpos os nomes de todas as mulheres assassinadas na Itália em 2021.
Fotos de grão áspero, como velhas fotos em velhos jornais.
Uma tatuagem em nossa pele de mulheres, para não esquecer.
Um projeto que, infelizmente, parece não ter fim."
cristina cenciarelli
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Aceitei, honrosa e respeitosamente, o convite de Cristina para registrar um ato durante a inauguração de sua exposição Remember Me. Em solidariedade às iranianas, as mulheres presentes que aceitaram participar cortaram pedaços de seus cabelos, a fim demonstrar apoio aos recentes protestos após a morte da jovem curda Mahsa Amini.
Poucos dias antes da inauguração, pude presenciar alguns dos ajustes finais da montagem. Captei algumas imagens desse momento.
Aos vinte dias de outubro do ano de 2022, a exposição nomeada Remember Me, da fotógrafa e ativista italiana - radicada na Bahia - Cristina Cenciarelli, foi inaugurada na Galeria Mansarda, localizada no Palacete das Artes, em Salvador. Na ocasião, as mulheres foram convidadas a comparecer usando sapatos vermelhos - um símbolo mundial da luta contra a violência as mulheres. Os calçados também fizeram parte da composição da foto-instalação. Estiveram presentes integrantes do Fotoclube de Mulheres, co-fundado por Cristina em 2021, profissionais da fotografia, artistas visuais, professores e admiradores. Muitas participaram ainda do ato - supramencionado - em apoio às mulheres iranianas, cortando pedaços de seus cabelos. Remember Me exibe imagens de fotógrafas brasileiras, em retratos ficcionais, que incorporam memórias e vozes silenciadas de mulheres vítimas de feminicídio na Itália no último ano, através também de nomes, datas, e locais das vítimas, grafados nas peles das fotografadas. Há 30 anos atuando como defensora dos direitos humanos, Cenciarelli reforça seu compromisso de ampliar o debate sobre esse tipo de violência e criar espaços de cura coletiva.
A seguir, alguns registros dessa noite de inauguração.
A seguir, alguns registros dessa noite de inauguração.
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SOBRE A EXPOSIÇÃO
'Remember Me'
exposição de
Cristina Cenciarelli
De 20 de outubro a 4 de dezembro
Galeria Mansarda, Palacete das Artes Rua da Graça, 284 - Salvador/BA
Visitação aberta ao público de terça a sábado, das 13h às 18h
SOBRE A ARTISTA
Cristina Cenciarelli
"Nasci em Roma e comecei a fotografar aos vinte anos, com trinta quis fazer da minha paixão uma profissão. Estudei publicidade e fui morar em Nova York por um ano, trabalhando como assistente em um estúdio. Em Roma fui fotógrafa publicitária, de teatro, books e minhas fotos profissionais apareceram em várias revistas europeias e italianas. Minhas fotos autorais foram expostas em galerias e produzidas em portfólios de edições limitadas. A primeira vez no Brasil, em 1985, fotografei o trabalho dos boias-frias, para um documentário. Publiquei um livro sobre a mulher no cinema. Quando me mudei para Boipeba, em janeiro de 2003, entrei no Brasil com toda minha vida “passada” dentro de duas malas: joguei fora, vendi e dei de presente o que sobrou, também meu caminho fotográfico. Para recomeçar tudo, de novo. Em Boipeba, demorei dois anos para saber o que queria da ilha nas minhas imagens. Entendi quando os nativos começaram a abrir as portas das casas, me permitindo conhecer suas vidas: de fotógrafa de modelos e atores, me transformei em retratista de pessoas que quase não conheciam o próprio rosto. Fundei com amigos nativos a Associação Cultural e, dedicada à parteira mais antiga da ilha, a biblioteca, que ganhou o Prêmio Mais Cultura da Fundação Pedro Calmon e da Secretaria de Cultura da Bahia. No Brasil, participei de exposições, fui convidada a dar palestras apresentando meu trabalho sobre Boipeba. Minhas fotos fazem parte de coleções privadas. A Marinha do Brasil me homenageou como “Artista do Ano” por meu trabalho fotográfico e cultural sobre o mar. Fui convidada a fazer parte do acervo permanente do Museu da Fotografia Pierre Verger, em Salvador. Integro o grupo Fotógrafas Brasileiras, com quem participei do Festival Internacional de Fotografia de Paraty. Fui convidada a expor na bela Galleria Centoforini, Civitanova, com outros quatro grandes fotógrafos brasileiros. Sou filha privilegiada de dona Oxum, orixá das águas doces. Continuo fotografando a poesia cotidiana de Boipeba."
Mais informações e contato:
https://cristinacenciarelli.myportfolio.com
https://instagram.com/cristinacenciarelli
SOBRE A EXPOSIÇÃO
'Remember Me'
exposição de
Cristina Cenciarelli
De 20 de outubro a 4 de dezembro
Galeria Mansarda, Palacete das Artes Rua da Graça, 284 - Salvador/BA
Visitação aberta ao público de terça a sábado, das 13h às 18h
SOBRE A ARTISTA
Cristina Cenciarelli
"Nasci em Roma e comecei a fotografar aos vinte anos, com trinta quis fazer da minha paixão uma profissão. Estudei publicidade e fui morar em Nova York por um ano, trabalhando como assistente em um estúdio. Em Roma fui fotógrafa publicitária, de teatro, books e minhas fotos profissionais apareceram em várias revistas europeias e italianas. Minhas fotos autorais foram expostas em galerias e produzidas em portfólios de edições limitadas. A primeira vez no Brasil, em 1985, fotografei o trabalho dos boias-frias, para um documentário. Publiquei um livro sobre a mulher no cinema. Quando me mudei para Boipeba, em janeiro de 2003, entrei no Brasil com toda minha vida “passada” dentro de duas malas: joguei fora, vendi e dei de presente o que sobrou, também meu caminho fotográfico. Para recomeçar tudo, de novo. Em Boipeba, demorei dois anos para saber o que queria da ilha nas minhas imagens. Entendi quando os nativos começaram a abrir as portas das casas, me permitindo conhecer suas vidas: de fotógrafa de modelos e atores, me transformei em retratista de pessoas que quase não conheciam o próprio rosto. Fundei com amigos nativos a Associação Cultural e, dedicada à parteira mais antiga da ilha, a biblioteca, que ganhou o Prêmio Mais Cultura da Fundação Pedro Calmon e da Secretaria de Cultura da Bahia. No Brasil, participei de exposições, fui convidada a dar palestras apresentando meu trabalho sobre Boipeba. Minhas fotos fazem parte de coleções privadas. A Marinha do Brasil me homenageou como “Artista do Ano” por meu trabalho fotográfico e cultural sobre o mar. Fui convidada a fazer parte do acervo permanente do Museu da Fotografia Pierre Verger, em Salvador. Integro o grupo Fotógrafas Brasileiras, com quem participei do Festival Internacional de Fotografia de Paraty. Fui convidada a expor na bela Galleria Centoforini, Civitanova, com outros quatro grandes fotógrafos brasileiros. Sou filha privilegiada de dona Oxum, orixá das águas doces. Continuo fotografando a poesia cotidiana de Boipeba."
Mais informações e contato:
https://cristinacenciarelli.myportfolio.com
https://instagram.com/cristinacenciarelli